Quando angariei esta casa e a visitei a primeira vez com o Fernando Morais e a Graça Raposeiro, sua mãe, simultaneamente herdeiros(as) tal como outras duas filhas, dei comigo a percorrer aquele caminho de saudade, designado Rua da Madalena onde antes todas as casas estavam habitadas e por lá pululava gente laboriosa e viva, embora humilde, embora triste, embora pobre, embora analfabeta, embora descalça, mas digna e sobrevivente do obscurantismo salazarista e marcelista que a obrigou a debandar em busca dos destinos operários e industriais então emergentes da Marinha Grande, Ílhavo, Aveiro, Grande Lisboa, entre outros, em Portugal e no estrangeiro. Na casa ao lado que ainda lá está, nasceu e cresceu meu avô materno que não conheci e na seguinte, 50 metros mais acima, meus tios Palmira e Licínio, ele Guarda Rios de profissão e agricultor nas horas restantes; ela doméstica e agricultora, moraram e morrerem já com provetas idades na sua casa com quintal, horta, capoeira, curral da burra e um cão chamado Tejo, sem nunca a terem trocado por outra até ao fim dos seus dias.
Do mesmo modo, apesar de terem partido em direção ao distrito de Aveiro em busca de melhores oportunidades e sucesso que felizmente encontraram, os proprietários desta que está a ser vendida e mantiveram habitável durante décadas, agora pretendem conceder-lhe uma nova oportunidade.
Oportunidade essa que passará por alguns arranjos, adaptações e modernização, dependendo se a mesma se destinará a habitação própria e permanente, utilização ocasional ou rendimento, o que em qualquer das circunstâncias não interferirá com realidades inalteráveis, designadamente, a tipicidade e potencial do imóvel, a localização e, bem assim, as fantásticas vistas que dali se disfrutam e a proximidade ao castelo.
A verdade é que a vila de Montemor-o-Velho, especialmente toda a envolvente do castelo, neste ou no próximo mandato autárquico, terá de ser uma vez por todas reabilitada e tornada lugar notável em qualquer dos âmbitos: urbanístico, paisagístico, histórico, turístico, cultural, lúdico e económico, sob pena de não se perceber porque razão continua a ser desperdiçada tal oportunidade.
Há ainda um quintal com 150m2 quase sobranceiro à rua principal de vila e a 50 m da casa, que poderá ser integrado na venda, contudo, porque está a ser comercializado de forma autónoma, fará sentido que os interessados manifestem esse interesse.
Finalmente, dispenso mais discrições sobre o imóvel e também sobre a vila de Montemor ou a totalidade do concelho, pois tenho a certeza que no contexto de toda esta angariação tudo foi praticamente dito, pelo menos o mais importante.
O resto fica para dizer aos candidatos à aquisição!